Abstract:
As doenças infecciosas e parasitárias (DIP) são diretamente influenciadas pelo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), apresentando maior incidência nas áreas mais pobres do país
como as regiões Norte e Nordeste, portanto podem ser utilizadas de maneira indireta para
avaliar a qualidade de vida e acesso a assistência de saúde de uma população, fornecendo assim
indicativos para políticas de saúde pública mais eficientes. A tendência de redução da taxa de
mortalidade por DIP que já ocorre há décadas, apresenta características diferentes para os
diversos países e mesmo entre os estados brasileiros existem diferenças importantes,
principalmente considerando regiões pobres e com baixo IDH como o Maranhão. OBJETIVO:
caracterizar a mortalidade decorrente de doenças infecciosas e parasitarias e suas mudanças no
Maranhão em 2013. Os específicos foram: calcular as taxas de mortalidade das principais
doenças infecciosa e parasitárias no Maranhão e suas tendências no ano de 2013. Comparar as
características da mortalidade decorrente de doenças infecciosa e parasitárias no Maranhão no
ano de 2013 segundo faixa etária, sexo, raça/cor, escolaridade, local de residência, local de
ocorrência, ano e causa básica. METOLOGIA: estudo ecológico retrospectivo do tipo
descritivo com abordagem quantitativa, baseado em dados do DATASUS oriundo do sistema
de informação de mortalidade (SIM). Foram considerados como critérios de inclusão apresentar
na DO como causa básica de óbito uma das doenças do capítulo I (algumas doenças infecciosas
e parasitárias) da 10a revisão da Classificação Internacional de Doenças, ter ocorrido no estado
do Maranhão em 2013. Foram excluídos os óbitos por septicemia para não comprometer a
fidedignidade dos dados e não superestimar o número dos óbitos. RESULTADOS: foram 1128
óbitos por DIP no Maranhão. A mortalidade proporcional por DIP ficou em 3,65%. As DIP
com as maiores taxas de mortalidade, em ordem decrescente, foram: HIV/AIDS, doença
infecciosas intestinais, tuberculose, doenças bacterianas, protozoozes, hepatite viral e sequelas
de DIP. As doenças com a maior mortalidade entre menores de 5 anos foram: doenças
infecciosas intestinais (53,52%) e protozoozes (22,54%), entre a população de 15 a 59 anos foi
o HIV/AIDS (63,57%). CONCLUSÃO: o número relevante tanto de óbitos por DIP quanto a
taxa de mortalidade proporcional foi inesperado pois a atual tendência mundial e brasileira é de
redução, a faixa etária com a maior proporção de óbitos foi a de 60 anos ou mais, a menor foi a
de 5 a 14 anos, no entanto a de 0 a 4 anos apresentou uma mortalidade significativa. Apesar da
persistência dos óbitos por DIP no estado, esse dado sugere um deslocamento da mortalidade
para as idades mais avançadas. A rede assistencial do SUS no estado do Maranhão se encontra
desestruturada, principalmente no interior demonstrando que apesar de grandes avanços sociais
e econômicos do país, as doenças relacionadas a pobreza continuam tento grande impacto sobre
a mortalidade. Tal resultado levanta a reflexão sobre a necessidade de um melhor controle
dessas doenças, que exigem mais atenção das autoridades do estado a fim de fortalecer a
vigilância epidemiológica, conduzindo a diagnósticos precoces e tratamentos mais eficientes.