Abstract:
O hábito de ingerir álcool é uma constante na história humana nas mais diversas
sociedades e épocas. Atualmente, o consumo alcoólico é permitido e até mesmo
incentivado como atividade social e econômica em diversas nações. Mesmo em
países onde o consumo de álcool é proibido, criam-se meios de permitir o consumo
com interesses econômicos. Se por um lado o álcool propicia a muitos momentos de
descontração, relaxamento, interação social e até mesmo profissional, é necessário
considerar que se trata de uma substância extremamente tóxica para o organismo
humano, com alto poder nocivo sobretudo quando utilizado de forma contínua ou em
grande intensidade, ou mesmo com riscos de levar a dependência em bebedores
leves. Esse panorama se revela ainda mais problemático ao se constatar o problema
do alcoolismo ocupacional, quando o trabalho é influência, causa, ou quando
negligencia os hábitos do consumo de álcool pelos trabalhadores. Essa relação
revela diversos aspectos que envolvem status, fuga e engajamento social. O local de
trabalho é considerado geralmente como o segundo ambiente social mais influente
na vida das pessoas. O consumo de álcool relacionado ao trabalho é estimulado
também em certos ofícios onde tradicionalmente há grande consumo de álcool,
como empregados da construção civil, estivadores, marinheiros, médicos, dentre
outros. Condições de trabalho como estresse, solidão, jornadas irregulares, falta de
perspectiva profissional, são causas do consumo como meio de refúgio. Essas e
outras realidades sobre o consumo do álcool provocam grandes riscos de acidentes
de trabalho, faltas e licenças médicas, queda na produtividade, problemas de
relacionamento, dentre outros. Quando não orientados e tratados, o panorama que
se constata será o do uso cada vez mais pesado do álcool, com aumento das doses
e frequência no consumo. Gerando assim sucessivas necessidades de afastamento,
com prejuízo crônico da saúde mental e física, até comprometimento dos órgãos e
consequente óbito. Mesmo indivíduos sadios estão sujeitos ao risco do álcool diante
da possibilidade de se converterem de bebedores leves a bebedores pesados, além
de exageros no consumo, acarretando o bebedor problema, com alto risco de
acidentes, conflitos e afastamentos médicos. A problemática do alcoolismo
ocupacional envolve relações sérias e muitas vezes urgentes de se considerar o
risco do uso abusivo e irresponsável do álcool, bem como o papel das empresas e
organismos na educação e tratamento dos trabalhadores. A presente monografia
tem por objetivo central avaliar o impacto do abuso crônico do álcool sobre a saúde
do trabalhador, ilustrando esse enfoque ocupacional com a análise de dados clínico epidemiológicos de registros de mortalidade relacionados à dependência alcoólica
na cidade de São Luís. Para isso, foi realizado um levantamento de diversos dados
a partir da revisão de declarações de óbito de trabalhadores alcoolistas crônicos,
mortos por causas naturais, analisando-os no contexto da saúde ocupacional